Doenças ocupacionais são doenças causadas ou são agravadas devido à atividade e/ou ambiente onde o trabalho é realizado.
Demandas altas e os recursos limitados aumentam o risco de adoecimento no trabalho. Esses recursos podem ser:
- Recursos do trabalho como clareza de papéis, autonomia e suporte dos superiores e colegas.
- Recursos pessoais como acreditar na própria capacidade de fazer as coisas, otimismo e esperança.
Quais os fatores estressantes?
Os agentes estressores podem ser fatores intrínsecos ao trabalho como:
- repetição de tarefas
- pressões de tempo
- sobrecarga
Dentre eles, a sobrecarga de trabalho tem recebido considerável atenção dos pesquisadores. Este estressor pode ser dividido em dois níveis: quantitativo e qualitativo.
A sobrecarga quantitativa diz respeito ao número excessivo de tarefas a serem realizadas; isto é, a quantidade de tarefas encontra-se além da disponibilidade do trabalhador.
A sobrecarga qualitativa refere-se à dificuldade do trabalho, ou seja, o indivíduo depara-se com demandas que estão além de suas habilidades ou aptidões. Outra categoria de estressores refere-se ao relacionamento interpessoal no trabalho. A grande maioria das ocupações envolve interações entre pessoas, seja entre colegas de mesmo nível hierárquico, superiores e subordinados, seja entre empregados e clientes. Quando essas interações resultam em conflitos tem-se uma outra fonte de estresse.
Dica importante
Durante a vida produtiva no trabalho, nosso corpo vai se moldando as necessidades físicas e mentais de nossa função. Entender os desconfortos e as queixas como reações de nosso trabalho é o primeiro passo para conhecer nossas necessidades como pessoa e os limites entre capacitação, exigência de esforço físico, mental e de realização.
Quando o episódio estressante é muito longo, as consequências sobre o organismo podem ser mais intensas, levando ao desgaste progressivo e esgotamento. Este aspecto, foi descrito por SELYE (1936) e Wolf (1952) demonstrando que os distúrbios da relação do homem, com seu ambiente de trabalho, envolvendo aspecto físico e psicossocial, podem gerar emoções desprazerosas e propiciar reações de vários tipos, inclusive doenças.
As consequências de altos níveis de stress crônico são percebidas por:
- licenças médicas e absenteísmo
- queda de produtividade
- desmotivação
- irritação
- impaciência
- dificuldades interpessoais
- relações afetivas conturbadas
- divórcios
- doenças físicas variadas
- depressão
- ansiedade e infelicidade na esfera pessoal
No âmbito do trabalho, as consequências do stress podem incluir depressão, falta de ânimo, falta de envolvimento com o trabalho e a organização, faltas e atrasos frequentes, excesso de visitas ao ambulatório médico e farmacodependência.
O que fazer quando o corpo adoece?
Os estudos e estatísticas sugerem que ações de educação para o autocuidado nas empresas são fundamentais para capacitar o funcionário a ser mais consciente nos cuidados com sua saúde física e mental, investindo em hábitos saudáveis, respeitando seus limites, não negligenciando sua saúde mental e com isso aumentando sua produtividade, satisfação pessoal e aumentando seu tempo de vida útil no trabalho.
Qual a melhor solução?
A principal ação deve ser sempre encontrar alternativas para a solução do fator de insatisfação e stress. A grande maioria dos casos de doenças diagnosticadas desencadeadas ou agravados no trabalho cursam com a necessidade de afastamento do trabalho para tratamento adequado.
Principal objetivo
O principal objetivo deve ser sempre a solução do motivo de insatisfação para que o profissional possa voltar ao trabalho de forma plena e saudável e com capacidade de se recuperar rapidamente de dificuldades e adaptar-se às adversidades.
Açoes necessárias
Além do tratamento e acompanhamento com profissional especializado, é importante desenvolver o autoconhecimento e a habilidade de ouvir e compreender a si mesmo, conhecendo os seus medos, suas angústias e as suas potencialidades.
A pessoa que se conhece não se apavora facilmente em situações incomuns e sabe lidar com a adversidade, tendo mais recursos para lidar com o stress no trabalho e com isso, tendo uma vida útil no trabalho mais longa e com menos possibilidades de adoecimento.
Fonte: Margis R, Picon P, Cosner AF, Silveira R de O. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Rev psiquiatr Rio Gd Sul [Internet]. 2003Apr;25:65–74. Available from: https://doi.org/10.1590/S0101-81082003000400008
Revisão técnica Dra Cléo de Siqueira Etges, Médica do Trabalho com abordagem da Medicina Integrativa